segunda-feira, 18 de abril de 2016

Kit pesca do Rio Rural ajuda a aumentar produção de peixes no Norte Fluminense


O custo da rede de pesca é um dos itens que mais pesam nas despesas da pesca artesanal, atividade econômica bastante tradicional no país. Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, em cada grupo de 200 brasileiros, um é pescador artesanal, ou seja, trabalha perto de lagos e rios em pequenas embarcações, geralmente acompanhado por familiares.

Há seis anos, o Programa Rio Rural criou um subprojeto conhecido como “kit pesca”, incentivo oferecido ao pescador artesanal de microbacias hidrográficas para que ele possa comprar materiais para confeccionar sua própria rede. Desde a sua implantação, essa prática vem fortalecendo a pesca artesanal no interior fluminense e tem 340 profissionais com projetos implantados ou em implantação, o que representa uma injeção de recursos na ordem de R$ 780 mil.

O estado do Rio de Janeiro apresenta uma boa diversidade pesqueira, com especial destaque nos municípios localizados próximos à faixa litorânea. A região Norte Fluminense lidera os números de PIDs (Plano Individual de Desenvolvimento) de pesca. No total, são 220 beneficiários, quase metade deles moradores do município de Quissamã.

Um dos pescadores que conseguiram tirar bom proveito do incentivo e alavancar a produção é João Marcos Ribeiro, da microbacia Barra do Furado. Com 30 anos de atividade, ele afirma que a vida útil de uma rede de pesca não passa de um ano, por causa de desgastes causados pelo calor, umidade e sujeira. “Para consertar uma rede de pesca, paramos de produzir para nos dedicar somente a isso. São três dias, em média, para fazer a manutenção. Por vezes, vale mais a pena substituí-la por uma nova. Como sai caro, não conseguimos comprar mais do que três equipamentos ao mesmo tempo”, detalha o pescador.

Com o incentivo do Rio Rural, Ribeiro afirma ter conseguido adquirir materiais, como boia, linha e tralha – malha de rede – para confeccionar 18 redes. Semanalmente, ele vai até a Lagoa Feia – segunda maior lagoa de água doce do Brasil – ou ao Canal das Flexas e pesca cerca de 40 quilos de espécies como curimatã, robalo, acará, traíra e piabanha, entre outras. O número só não é maior, segundo ele, em função das últimas secas, que têm diminuído a oferta de peixes. “O recurso do Rio Rural foi bom para mim. Dificilmente temos dinheiro sobrando para renovar as redes, que são fundamentais. Invisto mais nos modelos de nylon, por ser um material mais leve, que ajuda na hora de pegar o peixe”, complementa João Marcos.

Ainda na microbacia Barra do Furado, outra família beneficiada com o kit pesca é a do casal Maria Ducelina da Silva, de 64 anos, e Manoel Domingos da Silva, de 68 anos, que criou os dois filhos com a atividade pesqueira. Pelo menos duas vezes por semana eles saem para garantir o sustento da casa. Como a produção deles não é tão expressiva quanto a de João Marcos Ribeiro, investem na agregação de valor. O casal fornece peixe para clientes do próprio município e faz questão de entregar o produto tratado e em porções de filé. “Esse recurso foi uma bênção para nós. Estávamos sem estrutura para fazer uma melhoria em nossas redes. Agora é só trabalhar para termos mais peixes”, conta Manoel Domingos da Silva.

Amadurecimento comunitário e cuidado com o meio ambiente

De acordo com Fábio Oliveira, técnico executor do Rio Rural na microbacia Barra do Furado, o programa ajudou a alicerçar um novo momento na vida da comunidade pesqueira, em Quissamã. “O recurso é importante, pois melhora a renda das famílias. No entanto, percebo que o maior ganho é o social. Hoje, eles têm uma opinião e fazem questão de se posicionar acerca disso”, ressalta Oliveira. O técnico conta também que uma das metas dos pescadores é executar subprojetos grupais do Rio Rural, tais como câmara frigorífica ou mesmo trator, para ajudar no transporte das embarcações.

O cuidado com o meio ambiente também é uma das prioridades da comunidade. Durante o defeso – época em que a pesca fica proibida para favorecer a reprodução dos peixes –, cada vez mais pessoas têm se interessado em aderir ao trabalho de parceria entre a colônia de pescadores Z-27 e a prefeitura de Quissamã. Neste período, os pescadores se unem para fazer limpeza das lagoas, retirando as algas que vão assoreando os canais e também o lixo acumulado. “Os rios são nosso patrimônio. Precisamos cuidar deles, não só para garantir o nosso sustento, mas para o bem de todos”, finaliza Ribeiro. 
 



 
Fonte: Ascom / Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária

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