Dizem que o amor tem propriedades curativas, pois na vida de Sabrina Souza Freitas, 27 anos, moradora de São Francisco de Itabapoana, o amor de amigos e desconhecidos vem fazendo uma grande revolução em um momento de luta pela vida. Diagnosticada com câncer de mama, em idade que a doença é considerada atípica, ela está contando com o amor e a solidariedade de amigos e um número incontável de desconhecidos para vencer as etapas do tratamento e superar a doença. Duas amigas tiveram a ideia de vender camisas para arrecadar fundos para o pagamento de um plano de saúde que cobrisse os gastos com exames, já que o tratamento está sendo feito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA).
Segundo Sabrina, que deverá passar por mais cinco sessões de quimioterapia antes de saber se será necessário passar por cirurgia, a ideia partiu das amigas Paula Moura, que já trabalhou em uma fábrica de camisas, e Renata Barreto, que é prima do dono da fábrica. As duas o procuraram, sem saber uma da outra, e acabaram se juntando para por em prática. As camisas, com o alvo da campanha contra o câncer de mama e a inscrição #somostodossasá, estão sendo vendidas a R$ 25. Destes, R$ 17 cobrem os custos e R$ 8 vão para pagar o plano de saúde. O sucesso da campanha, que foi abraçada pelos sanfranciscanos, já pagou um ano do plano, mas os amigos querem mais.
— Achei que isso fosse tomar uma proporção grande na Prefeitura, onde eu trabalhava, mas São Francisco inteira aderiu à causa e todo mundo usa a camisa na rua. Eu fiquei muito feliz. Meu Facebook está cheio de gente que eu aceitava mesmo sem conhecer. As pessoas me mandam mensagem dizendo que é para eu ser forte, que estão orando comigo e essa questão da oração, além do carinho, é o que tem me mantido de pé. Eu só tenho a agradecer a Deus por esse carinho tão grande — disse Sabrina, emocionada e agradecida.
Para a amiga e organizadora da campanha, além da arrecadação de fundos para o tratamento, o objetivo da ação é mostrar à Sabrina o quanto ela é amada e dar uma dimensão de quantos torcem por ela. “Praticamente a cidade toda vestiu a camisa, abraçou a causa. Isso foi uma forma de mostrar que ela não está sozinha neste momento. Porque aos 27 anos, com um filho de 3, e você descobrir uma doença dessas é assustador”, explicou.
Sabrina descobriu doença com autoexame
Sabrina descobriu o nódulo em casa, fazendo o autoexame. Segundo ela, o nódulo não era tão pequeno e logo causou estranheza e também certeza de que era câncer. O período foi de pesquisas na internet sobre a doença e de sofrimento até a chegada do resultado dos exames.
— Quando eu descobri, parecia que alguma coisa me avisava que já era um câncer. Não por pessimismo, mas parecia que alguma coisa me avisava que era câncer mesmo. Eu fiquei calma, logo procurei um médico. Para mim, o período mais difícil foi a espera para saber o resultado da biópsia. Foi o período em que eu mais chorei, em que eu mais pensava em várias coisas. Quando eu fiz a biópsia e o médico me disse que tinha 50% de chance de ser e 50% de chance de não ser câncer, foi que minha ficha caiu mesmo e que eu fiquei mais nervosa. Foi o período em que eu mais sofri — contou Sabrina.
A jovem contou que, durante o sofrimento e a incerteza, pensar no filho trouxe grande desespero, mas também foi a fonte de força para vencer cada etapa da batalha com otimismo. “Eu tenho um filho de 3 anos e para mim esse foi o ponto crucial no meu sofrimento. Porque quando vem a palavra câncer na cabeça, a gente logo pensa na morte inicialmente e eu só pensava no meu filho. Mas, ao mesmo tempo que ele foi o ponto crucial do meu sofrimento, foi o ponto crucial para eu ter tanta força de conseguir lutar contra isso também. Minhas fontes de esperança são ele e Deus”, contou, atribuindo também ao carinho que vem recebendo de conhecidos e desconhecidos a força para transpor as etapas de sofrimento do tratamento.
— É um ponto fundamental para o tratamento a gente se sentir amada. Se não fossem os meus amigos e a minha família, eu não sei o que seria, porque o câncer de mama em uma mulher é devastador, ele já vem com aquela marca de tirar a mama e depois o tratamento da quimioterapia, que não é nada fácil. Mexe com tudo quanto é tipo de sentimento dentro de você e os efeitos colaterais que ele te causa. É um tratamento muito doloroso — compartilhou Sabrina.
Diagnóstico rápido é importante, diz médico
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o câncer de mama, que também acomete homens, é o tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil, depois do câncer de pele, correspondendo a cerca de 25% dos novos casos anuais. Ele é raro antes dos 35 anos, salvo em casos de hereditariedade. A estimativa do instituto é que o Brasil registre 57.960 novos casos em 2016.
O médico Frederico Barbosa, oncologista do Unacon e que atende Sabrina, explicou que existem hábitos que as mulheres podem e devem adotar para se prevenir, ou pelo menos, descobrir o câncer em fase inicial, ampliando a possibilidade de resultados positivos no tratamento e de cirurgia conservadora da mama, salvo as de necessidade extrema de mastectomia.
— Se você faz o diagnóstico cedo, a chance de cura é muito maior. Evitar a obesidade, dieta com pouca quantidade de gordura e atividade física são medidas que não são de muito peso, mas que ajudam no sentido de evitar. O que ajuda mesmo são medidas para o diagnóstico precoce: o exame da mama feito por médico, a mulher também se tocar e o exame de imagem, que são mamografia ou ultrassonografia. Esse caso especificamente é o caso de uma pessoa jovem, foge do padrão. Esse é um caso atípico, que cada vez a gente está vendo mais porque a grande quantidade de casos de câncer de mama não é ligada a questões hereditárias — finalizou o médico, que alertou sobre a necessidade de a mulher avisar ao ginecologista sobre casos da doença na família.
Abaixo estão algumas imagens que foram postadas no Facebook de Sabrina.
As informações são do site Folha da Manhã / Diniela Abreu
Fotos: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário