terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Usina Canabrava dispensa 700 trabalhadores


 
A Usina Canabrava realizou cerca de 700 demissões. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos dos Goytacazes, Paulo Honorato, o movimento é incomum para esta época do ano, já que, embora normalmente demitam funcionários, as usinas mantêm uma parte da equipe para cultivo da cana-de-açúcar para a próxima safra. A Canabrava, porém, teria desligado toda a equipe, preservando apenas funcionários internos, que cuidariam das rescisões contratuais. Ainda segundo Honorato, a empresa vem dispensando desde março e já teria demitido, anteriormente, outros 300 trabalhadores.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais afirmou, ainda, que a Canabrava não teria pagado todos os direitos trabalhistas aos funcionários desligados.

— A Usina Canabrava pagou apenas parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Falta o restante e o Seguro Desemprego. Há uma série de irregularidades. São trabalhadores rurais que estão sem receber direitos básicos dos trabalhadores. Tem gente passando fome — apontou Honorato, que falou sobre a participação do sindicato — a Canabrava nos mandou todo mundo sem avisar. A rescisão seguiu até o dia 18, mas houve um recesso e o assunto só deve voltar a ser tratado no próximo dia 10. Estamos acompanhando tudo, mas, por lei, não podemos homologar as demissões. 

Honorato revelou que a Canabrava justificou as dispensas com base “na crise e na seca” e que o departamento jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos dos Goytacazes entrou com uma ação coletiva contra a usina.

— Estamos convocando os trabalhadores demitidos para uma assembleia a ser realizada no dia 23, a partir das 9h, na sede do sindicato, quando a Canabrava vai apresentar uma proposta — afirma o presidente.

A equipe de reportagem da Folha da Manhã tentou contato com a Usina Canabrava, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Foi tentado contato, ainda, com os presidentes do Sindicato da Indústria Sucroenergética do Estado do Rio de Janeiro (Siserj), Frederico Paes, e da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Eduardo Crespo, também sem sucesso.

Depoimento em CPI dos Fundos de Pensão

O dono da Usina Canabrava, Ludovico Tavares Giannattasio, prestou depoimento, no início de dezembro, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, durante o qual garantiu que os fundos terão retorno de seus investimentos na empresa. 

O empresário depôs por conta de suspeitas em torno da operação. A Canabrava atraiu investidores dispostos a financiar usinas para produzir etanol e gerar energia com bagaço de cana-de-açúcar. Já em 2011 obteve grandes aportes do Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, e do Postalis, o plano de previdência dos funcionários dos Correios, somando R$ 305 milhões.

Segundo Ludovico Tavares, o projeto é de 10 anos, com a captação de recursos tendo início em 2011. Ludovico Tavares disse que o período de investimento termina após oito anos e só então os fundos receberão participação e lucros.

O empresário assegurou aos parlamentares que os fundos vão reaver o dinheiro investido. “Com toda certeza. Estou negociando a entrada de dois grupos do exterior. Como o Brasil agora está barato, vou assinar nesta semana com um fundo de investimento da Madeleine Albright. Ela foi secretária de Estado dos Estados Unidos e tem um fundo em Nova York. O representante dela esteve conosco e ela está definindo o investimento que ela vai fazer”, afirmou.



Fonte: Folha da Manhã / Marcos Curvello
Foto: Michelle Richa

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